Os Afra Sound Stars surgiram no contexto fervoroso da Independência de Angola, um período marcado por sonhos e aspirações de jovens determinados. Formados em meio ao turbilhão dos acontecimentos da época, a banda encontrou sua identidade musical inspirada por mestres como Lamartine, Artur Nunes, David Zé, Bonga e Os Kissanguela.
A banda, composta por Gato (percussão), Ket Hagaha (teclados), N’ Sheriff (baixo), Popshow (guitarra) e Tubarão (bateria), consolidou-se em torno do ritmo Kilapanga, uma sonoridade que se tornou a matriz dos Afra Sound Stars. Este ritmo, comum a todos os membros, foi a base para a criação de uma identidade musical única.
A trajetória dos Afra Sound Stars desdobrou-se em três vertentes principais: recreativa, cultural e interventiva.
Recreativa: Entre 1976 e 1982, a banda trabalhou um amplo repertório de outros autores, participando em inúmeras atividades associativo-juvenis. Durante este período, desenvolveram pesquisas étnico-musico-culturais, buscando sempre o entendimento e a aprendizagem dos ritmos Kilapanga.
Cultural: Os Afra Sound Stars dedicaram-se ao resgate e promoção do Kilapanga, garantindo que esta sonoridade não se perdesse em meio às conveniências comerciais. Este trabalho de recolha e desenvolvimento refletiu um altruísmo intelectual e uma grande consciência étnico-cultural.
Interventiva: A banda também desempenhou um papel significativo na luta contra o apartheid e nas independências da Namíbia e do Zimbábue, contribuindo com sua música para causas sociais e políticas.
Em 1983, os Afra Sound Stars foram chamados a servir em missões de Internacionalismo Proletário na República de São Tomé, onde participaram em atividades de beneficência e começaram a compor os principais temas de Kilapanga. Em 1988, após o serviço militar, a banda foi para o Brasil, onde amadureceu substancialmente, colaborando com nomes como Olodum e Abel Duerê.
Em 1991, a banda mudou-se para Portugal, onde permaneceu por quatro anos, participando em vários trabalhos discográficos e espetáculos de músicos africanos. Posteriormente, estabeleceram-se em Bruxelas, gravando dois discos e participando em eventos internacionais como a Expo 98, o Festival Internacional Umba Colômbia-Alemanha, o Festival Internacional Africolor em Paris e o festival contra o Racismo em Itália.
Os Afra Sound Stars deixaram um legado significativo na música angolana e africana, não apenas pela sua contribuição musical, mas também pelo seu compromisso com causas sociais e culturais. Em 2000, após uma carreira repleta de conquistas, cada membro seguiu seu caminho a solo, mas a influência dos Afra Sound Stars continua a ressoar na música e na cultura angolana.