Jaime Palana Kingungo, conhecido artisticamente como Proletário, nasceu em 1957, na província do Cuanza-Sul. Iniciou a carreira musical em 1970, ainda na sua terra natal, mas ganhou notoriedade em 1972/73, no bairro Kaputo, município do Rangel, em Luanda, onde se apresentava no Centro Recreativo Maria das Crequenhas, hoje Centro Recreativo e Cultural Kilamba.
Em 1977, ano marcado pela perda de grandes vozes da música angolana como David Zé e Urbano de Castro, Proletário — então conhecido como Joine Jaime — integrou o grupo Surpresa 103, dando continuidade às suas atuações. Nesse período, dedicou-se à música revolucionária, levando sua voz crítica e engajada a várias regiões de Luanda até os anos 1980, quando foi convocado para cumprir o serviço militar.
Ao longo da carreira, fez parte do agrupamento FAPLA Povo e da banda Semba Tropical, sendo a canção “Scânia 111” uma das suas obras mais emblemáticas. O seu percurso artístico inclui atuações internacionais em países como Congo Brazzaville, República Democrática do Congo (ex-Zaíre), Líbia, São Tomé e Príncipe e Portugal.
Em 2025, enfrentou um grave problema de saúde — uma condição crónica conhecida como “tala” — que o levou à amputação da perna direita após tratamentos sem sucesso. Nesse mesmo ano, foi condecorado na categoria de Paz e Desenvolvimento, durante as comemorações dos 50 anos da Independência de Angola, reconhecimento pelo seu contributo cultural e social.
Com uma sonoridade vocal incomum, Proletário tem procurado ser “fiel e competente” ao estilo que o caracteriza, preservando a linha melódica que marcou sua carreira. Em 2009, lançou o seu primeiro álbum, “Caminhada”, e desde 2014 trabalha no segundo disco de originais, “Carolina do Ebo”, cuja produção tem enfrentado adiamentos sucessivos, incluindo em 2017 e durante o confinamento da pandemia da Covid-19. O projeto, produzido por Betinho Feijó com suporte da banda Xamavo, inclui 12 faixas nos estilos semba, bolero, kizomba, kuassa e kilata, este último ritmo tradicional da região de Calulo, sua terra natal.
Entre os temas previstos estão “Canote”, “Lemba”, “Minga”, “Zembele”, “Serenata”, “Margarida”, “Ngana Salinine” e “Scânia 140”, uma versão renovada do clássico “Scânia 111”. O cantor tem afirmado que pretende levar este trabalho ao mercado internacional, inscrevendo-se na Sociedade Portuguesa de Autores (SPA) e promovendo espetáculos para a comunidade angolana na diáspora.
Proletário continua a ser uma referência da música angolana, apostando na valorização das raízes culturais e na preservação da matriz tradicional do país. Com atuações conjuntas com nomes como Elias dia Kimuezo, mantém viva a memória do sembra e da música popular angolana, transmitindo um legado positivo às novas gerações de músicos.
| Ano | Premiação | Organizador |
|---|---|---|
| 2025 | Condecoração na Classe Paz e Desenvolvimento | Governo de Angola |